“Muitas vezes, ao se tornar mãe, a mulher não se enxerga mais como indivíduo”
04:38Alexandra Zainun conta como concilia a maternidade e o projeto Eu Salto Alto
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Alexandra Helena Zainun (36) no 7º Encontro Eu Salto Alto. Foto: Chrisce Almeida - UP! Fotografia |
Aos 27 anos, quando decidiu sair
da casa dos pais, em São Carlos, interior de São Paulo para fazer faculdade em
Ribeirão Preto – SP, Alexandra Zainun ainda não imaginava o Salto Alto que iria
dar. Chegou à nova cidade para morar com os avós, mas os rumos da moça fez com
que ela parasse em um pensionato só para meninas e trabalhasse em uma universidade
em troca da bolsa de estudos. A grana era curta, mas a vontade compensava. A
faculdade, além do diploma em administração de empresas, trouxe seu esposo,
César, com quem é casada há sete anos.
Foi com a chegada do filho Caio,
hoje com seis anos, que a Alexandra percebeu que o trabalho como coordenadora
da área de ensino à distancia da universidade já não fazia sentido, “Ele tinha quatro meses de vida e eu não
tive coragem de deixá-lo em uma creche”. A administradora conta que o
momento ruim no trabalho favoreceu a decisão de abrir mão do emprego para ficar
com o filho.
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Ale, Caio, Larissa e César. Foto: Arquivo pessoal |
Mesmo afastada do emprego e feliz
com a fase mãe, a administradora sempre quis estar em contato com a carreira
que escolheu. Caio ainda era bebê quando a Alexandra iniciou seu MBA em Gestão
de Pessoas. Paralelamente ao curso, a Ale passou em um processo para ser agente
de inovação no Sebrae para pequenos e médios negócios, foi lá que os olhos dela saltaram para o
empreendedorismo.
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Ale estudando com Caio no colo. Foto: arquivo pessoal |
Embora estivesse envolvida com o
universo dos pequenos e médios empresários, Ale tinha certeza que não seguiria
os passos do seu pai Eduardo. “Meu pai sempre falou orgulhoso que nunca teve
chefe, já eu, sempre imaginei ser executiva, de terninho e tudo”, brinca.
Foi após uma aula sobre coach, no
curso de pós graduação, que a
administradora fez a ponte entre o empreender e o instruir. Empolgada com o que havia aprendido
e decidida a não viver mais nos moldes da CLT, Ale ingressou no curso de
formação de coach. “Eu lembro que no
último dia de aula do MBA, na apresentação do trabalho final, agradeci aos
professores e colegas, mas disse que nunca mais faria parte de uma empresa, que
aquilo de RH não era para mim”, conta Alexandra.
Ainda em Ribeirão Preto, a agora
coach encontrou um potencial gigante nas mulheres empreendedoras e resolveu
criar um encontro que tivesse a finalidade de ajudá-las em seus negócios e
promover a divulgação do trabalho em
coaching. Além disso, o evento viabilizava o crescimento da network das
empreendedoras e consequentemente beneficiava a economia local. Nasceu ali o Eu Salto Alto.
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Famíla no carnaval. Foto: Arquivo pessoal |
Ao mesmo tempo, o esposo César
também se empenhava em seu próprio negócio e, a empresa que ele havia começado
com um grupo de amigos, fez com que, no ano passado (2016), o casal, Caio e a pequena
Larissa, hoje com dois anos, viessem para o Rio de Janeiro.
Estar em uma cidade grande e
completamente nova poderia ser um cenário desesperador para uma mãe de duas
crianças pequenas, mas não para a Alexandra. Onde muitos enxergariam ameaças, a
administradora viu oportunidades. O Eu salto Alto encontrou um solo carente e
fértil no Rio. Após assistir uma palestra em um evento sobre o mesmo tema,
empreendedorismo feminino, a coach se lançou e realizou o primeiro Eu Salto
Alto para as cariocas. Hoje, após 7 edições, o evento conta com uma média de
200 mulheres presentes.
Hoje, com 36 anos e visivelmente realizada com o
sucesso do encontro, Alexandra destaca o sentimento que a fez acreditar no Eu
Salto Alto: “Empreender não é fácil e a
gente sabe que a mulher encontra ainda mais dificuldades do que o homem, já que,
naturalmente, temos que dar conta de muitas outras atividades pelas quais somos
cobradas”.
O pulo salto do gato
“Lembro que em um exercício na aula do curso de formação de coachs, eu
precisava fazer uma lista das pessoas mais importantes da minha vida. Na minha
lista estavam meu marido, meus filhos, pais e irmãos e, ao ver o que escrevi, a
professora me questionou onde que eu entrava nessa relação. Não soube responder
e lembro que também não conseguia colocar o meu nome naquele papel. Para mim,
me colocar em primeiro lugar seria trair as pessoas que eu amava”, explica.
“A verdade é que, muitas vezes, ao se
tornar mãe, a mulher não se enxerga mais como indivíduo”.
Foi ao entender seu lugar na
lista que Alexandra pode dar passos seguros em direção a sua realização e é
isso que busca ensinar às mulheres empreendedoras. “Quando a mulher entende que é a engrenagem principal desse processo,
tudo tende a funcionar melhor”.
Para as mulheres que estão
vivendo essa crise maternidade X realização profissional, Alexandra é prática:
“Saia de casa!”. Para a coach, o segredo de manter a mente produtiva está em
ver gente, ver a rua e estar em constante movimento.
Esse ano estão previstos mais 11
encontros Eu Salto Alto e cerca de duas mil mulheres são aguardadas nos eventos.
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200 mulheres presentes no último encontro, realizando em janeiro de 2017. Foto: Foto: Chrisce Almeida - UP! Fotografia |
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